sábado, 30 de abril de 2011

Lady Gaga

Fui no show da Lady Gaga....



Ok, podem rir agora!!!


Porque eu resolvi sair do conforto do meu lar, pagar uma fortuna num ingresso e me juntar a milhares de adolescentes histéricos?


Minha aventura tem um caráter antropológico: fui ver de perto quem é esse fenômeno chamado Lady Gaga. Queria, no fundo, conferir se ela é tudo isso mesmo que falam dela. Pra poupar o tempo dos queridos leitores, vou resumir: achei o show ingênuo, bobo, quase infantil.


Claro que meus 33 anos pesaram: não tenho mais a mesma paciência e já vi muito show bom na vida, então posso me dar ao luxo de criticar.


Agora vou dar uma de Lucio Ribeiro e vou fazer uma pequena crítica do espetáculo:

Segunda-feira, 25 de abril, Montréal. Arena do Centre Bell repleta de fãs caracterizados à la Lady Gaga gritam incessantemente o nome da musa. Eu, no lugar mais barato, mais alto e mais longe possível do palco, tento vislumbrar alguma coisa.

Entra em cena uma DJ pra fazer um set list de trinta minutos. Tadinha, escolheu um repertório completamente equivocado, com bandas de metal. Pra piorar, tentou ser a Lady Gaga e ficou fazendo uma dança louca...ninguém se mexeu! Na sequência, sobre ao palco uma banda horrenda chamada Semi Precious Weapons......Gaga querida, você deveria escolher melhor os músicos de abertura!!!

Começo a bocejar....tenho muuuuuita preguiça de vocalistas "poser". Frases prontas como:
"I fuck@#$ love, this fuck&@% country", eram repetidas incessantemente pelo vocalista Justin Trander. Sono!!!


Depois de quase 2 horas de espera, finalmente tem início o principal espetáculo da noite. Me senti uma velhinha, porque logo no começo do show eu já estava cansada, querendo colocar o meu pijama e ver novela.

O show soa como uma receita requentada de elementos pop: dancinha, bailarinos, troca de figurinos, frases ensaiadas: "I love you Canada!"...hummm! Alguém deveria ter dito pra ela que estamos no Québec...e o Québec é quase um país à parte. O Centre Bell veio à baixo quando ela gritou: "je vous aime", dito assim mesmo, em francês. Aí a galera gostou (e eu também!).

E dá-lhe mais dancinhas, mais trocas de figurinos e de cenários. E por quê tanta polêmica? Marilyn Manson já cobria o corpo de sangue há 20 anos atrás....Madonna já incediava crucifixos no palco há pelo menos 15 anos.....Norah Jones toca piano em canções melosas há séculos.......tudo o que Gaga faz, alguém já fez!

No meio do show, pausa para um merchadising da Virgin Mobile: Gaga liga pra alguém da plateia. Primeira vez na vida que vejo um mercha no meio de um show. Taí alguma coisa original!

A boa surpresa é que a fofa canta...e canta bem! E é magérrima: usar biquini e meia-calça é para poucos. Olhei pro corpitcho dela, olhei pro meu depois de quase 5 meses de inverno e cheguei à conclusão de que preciso triplicar a malhação!

Nos raros momentos em que ela se permitiu sair do script, deu pra perceber que por trás do ícone Lady Gaga, existe um menina de 20 e poucos anos que ainda se surpreende com o próprio sucesso.

Resumo da ópera: Mais do mesmo! Espetáculo ingênuo e desconselhado para maiores de 20 anos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Despedidas

Montréal é uma cidade de imigrantes. É também um grande pólo intelectual e cultural que recebe milhares de estudantes estrangeiros todos os anos. Por essas e outras razões, Montréal é uma cidade de passagem. O problema é que infelizmente, algumas dessas pessoas vão embora!


O primeiro a ir embora foi o Burdisso; hoje perdemos o Rommel; semana que vem é a vez da Lu; em junho, a Patricia, e não sei até quando o Zé aguenta esse frio.....


Eu tenho horror a despedidas, principalmente quando sou eu quem fica!!!


Como me mudei de cidade várias vezes, sempre era eu quem dizia "Tchau, tchau, tô indo embora". Dessa vez é diferente: nós acabamos de chegar, temos muita coisa pra construir e por estarmos longe do Brasil, ficamos muito próximos ao amigos daqui. E num belo dia, eles vão embora..... tem graça isso?

Nas ondas do rádio

Semana passada participei de uma mesa-redonda num programa de rádio lá na Radio-Canada Internacional. Tema: imigração


O programa Canadá Direto é apresentado e produzido por Gilda Salomone e Cristiane Hirata e traz notícias de interesse da comunidade brasileira no Canadá. Vale a pena dar uma olhada.

Segue link com o bate-papo do qual fiz parte :
http://www.rcinet.ca/portugues/chronique/imigracao/09-40_2011-04-22-mesa-redonda/


Foi muito divertido!

domingo, 24 de abril de 2011

Sirop d'érable- passo a passo




Fomos passar o final de semana com nossos vizinhos em Fort Coulonge, Norte de Gatineau. Os avós do Phillip têm uma fazenda de érable, árvore que produz uma água açucarada e que ao ser fervida, vai se transformar no famoso sirop d'érable (paixão nacional e motivo de orgulho dos québécois, porque eles fazem o melhor sirop d'érable do mundo).
1) Tudo começa aqui, no érablier:









2) A produção é bem artesanal: cada árvore contém de duas a três torneirinhas, de onde é extraída a água de érable que fica armazenada nestes baldinhos.


























A água de érable parece água normal, mas é açucarada.





























3) O passo seguinte é esvaziar os baldinhos e colocar a água de érable num baldão, para ser transportado num trator até a cabana








4) Trabalho de équipe: os grandes tonéis cheios de érable devem ser levados até um recipiente grande, onde um cano o leva direto para ser fervido, dentro da cabana.










5) Reparem na bacia com um paninho em cima do grande reservatório branco: é pra filtrar as impurezas: insetos, folhas....



Ah, este aí atrás do Diogo é o Scott










































7) Força aí rapaziada!!!















8) O Avô do Phillip, Yvon Soucie, superviziona o trabalho da galera!



















9) Esta é verdadeira, legítima, cabane à sucre, onde o érable vai ser fervido!
















10) Di, Yvon e eu, fervendo a água de érable, que já começa a apresentar a cor do xarope que conhecemos
E nada de gaz: é fogão a lenha mesmo.










11) Depois de 24 horas, o primeiro lote de sirop d'érable está pronto para ser embalado.




















12) 100 litros de água de érable rendem apenas 4 litros de sirop. É por isso que os xaropes industrializados são péssimos, porque eles misturam água, açúcar e conservante pra render mais.

O sirop artesanal produzido aqui é imbatível!

E a água de érable é recolhida somente três semanas por ano, quando a temperatura está entre -5º e +5º. É preciso ter neve na raíz da árvore pra que ela produza a água. O final de semana em que estivemos lá foi a última colheita do ano. Agora só ano que vem!!!












































quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aliança

Perdi minha aliança de casamento! Não sei onde, nem como..... ela simplesmente pulou do meu dedo e saiu por aí! Deve ter ido pegar um sol nos trópicos......

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cabana à sucre

Tradicionalíssima aqui no Québec, a Cabane à sucre é uma folia gastronômica.

Entre o fim do inverno e começo da primavera, as árvores de érable produzem a água, que depois de fervida dias e dias, vai se transformar no famoso sirope d'érable.


Neste período de colheita de água de érable, os québécoises organizam a chamada Cabane à sucre, que consiste em comer tudo, tudo, tudo com érable. Então dá-lhe presunto com érable, omelete com érable, batata com érable.......ah, o érable é doce, beeeem doce.


Myriam e o Zé levaram a gente pra conhecer uma região aqui pertinho de Montréal, almoçamos na cabane à sucre e saímos rolando!





















quarta-feira, 13 de abril de 2011

Perfil profissional

Hoje recebi um e-mail do Cirque du Soleil dizendo que abriu uma vaga correspondente ao meu perfil profissional. Animadona, fui ver qual era a vaga.........intérprete Alemão-Francês!!! Dá onde eles tiraram que isso tem a ver comigo? Com certeza eles não encontraram nenhum intérprete de língua Alemã no banco de dados e saíram anunciando a vaga pra todo mundo! Fala sério!

Sonhos

É sabido que os sonhos revelam elementos escondidos no nosso subconsciente. Desde de que cheguei no Canadá tenho tido sonhos absurdos....tão absurdos que gostaria vou dividí-los com vocês.


Nos três primeiros meses, sonhei frequentemente que eu estava abandonando o meu Biro-Biro. Pra quem não sabe, o Biro é o meu labrador lindo que ficou no Brasil. Inconscientemente esta era a sensação, de que eu o tinha abandonado, mas não foi isso que rolou. Ele ficou no Brasil com a minha cunhada e a minha mãe, cercado de carinho, com espaço pra correr e brincar, num país que tem uma temperatura decente. Aqui em Montréal moramos num apê infinitamente menor do que minha casa no Brasil e não sei o que seria dele (e de mim) no inverno. Não dá pra manter um cachorro de 30kg trancado num apê de 58 m² durante 4 meses. A saudade dele dói todos os dias, mas preciso me acostumar a conviver com essa ausência.


Depois dos sonhos com o Biro-Biro, foi a vez de sonhar incessantemente com o Multishow! Olha que doidera! Os sonhos eram mais ou menos parecidos: eu anunciava minha mudança para o Canadá e fenômenos bizarros começavam a aparecer: um dia eu chegava pra trabalhar e tinha uma québécoise sentada na minha mesa, ou minha chefe me demitia logo após o anúncio da viagem. Tive sonhos desse tipo inúmeras vezes.


Aos poucos, as paisagens e as pessoas daqui começaram a entrar nos meus sonhos. As primeiras frases ditas em francês, a imensidão branca, pessoas e lugares. Até hoje ainda não sonhei 100% com o universo montréalais; eles sempre aparecem misturados aos elementos do Brasil.


Minha onda de sonhos mais recente é o mar! Pelo menos três vezes por semana sonho com alguma coisa do mar, misturando o presente e o passado. Dia desses sonhei que o Plateau, o bairro onde moro em Montréal, ficava a 150 m do mar!!! Ah, quem me dera. E no sonho eu falava assim: "Como é bom morar bem localizado. O Plateau fica a 150 do mar. Se eu morasse em St-Michel (norte de Montréal) teria que pegar ônibus e metrô pra chegar no mar....". Se fosse assim tava bom, né?!


Esta noite sonhei que chegava numa praia cheia de pedra e com água gelada......o mar estava lá, mas eu não podia entrar porque ela gelado e perigoso. E tinha um hotel abandonado. Quando eu abria a porta desse hotel, surgiam alguns colegas da faculdade, que transformaram o hotel num albergue hippie.


Freud explica!!!


Não sou psicanalista, mas o pouco conhecimento que tenho sobre o assunto me permite concluir que meus sonhos revelam tudo aquilo que eu não tenho: o Biro-Biro, um trabalho e a praia! É a eterna insatisfação humana: se temos uma coisa, não temos outras.......é como se, apesar de adorar essa fase da nova vida, faltasse alguma coisa! E há certos momentos que fica impossível preencher esse vazio dentro do peito!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Passeios mil

A seguir, algumas peripécias de Claudia do Valle em Montréal: 1) Compritchas na H&M 2) Almoço no quartier chinois
3) Passeio pelo marché Jean Talon (reparem nas crianças fofas com patinete que aparecem em primeiro plano)

4) Show belíssimo de Rommel Ribeiro no Place des Arts






quarta-feira, 6 de abril de 2011

Saldo final do inverno

Saldo final do inverno:


*1 kg a mais


*algumas tonalidades mais branca na escala do pantone


*nenhum tombo na rua


* vários quase-tombos


*1 queda na pista de patinação


* nenhum osso quebrado


*4 quedas fazendo sky de fond


*4 meses usando o mesmo casaco sem lavar


*1.598.852 número de vezes que repeti a frase: "Put@$# que pariu, que frio!!!"


Ufa, sobrevivemos ao primeiro inverno!

Quer moleza?

Tenho lido muita coisa sobre imigração no Québec e acho importante esclarecer alguns pontos: 1) O Governo até ajuda financeiramente, mas não vai te sustentar......ou seja, pra pagar as contas, vai ter que ralar (ou ter uma boooooa reserva financeira). 2) O Governo oferece cursos de formação e informações sobre o mercado de trabalho, mas cada um deve correr atrás do seu (e é uma guerra). O que acabei de escrever é dito repetidas vezes nas palestras de informação oferecidas pelo escritório do Québec em SP: o estado de bem estar social é eficiente, mas vencer os desafios (profissionais, econômicos, ..) depende de cada um. Quer moleza? Senta no pudim!

domingo, 3 de abril de 2011

Inverno

Agora que a primavera chegou, acho importante falar sobre o inverno.

A única coisa que temos certeza quando imigramos, é de que o Canadá é frio. O que vai ser da nossa vida dali pra frente, ninguém pode adivinhar, mas todos sabemos que vamos enfrentar muito frio pela frente.

E aí me perguntam: é realmente esse frio todo? Sim, é.......e é muito mais frio do que você pode imaginar. Ao mesmo tempo, esse inverno tão rigoroso é o que torna o Canadá um país único. Se tirarem o frio, o Canadá se tornaria um país sem alma.

É em torno da neve e do gelo que se construiu a cultura e os costumes desse povo. Imaginem o hockey, paixão nacional, sem gelo? E a árvore de érable, cuja folha está até na bandeira nacional? E o urso polar? Sem frio, sem inverno e sem gelo, também não conseguiríamos contar o tempo por aqui:

-"Chegou aqui há quanto tempo?"

-"No começo do inverno (=em novembro)."

Ou então:

-"Há quanto tempo você mora aqui?"

-" Fazem três invernos (=cheguei em 2008)"


Atire a primeira pedra quem nunca ouviu essa frase desde que chegou por aqui:

"Primeiro inverno? Viiiiiiixi...."


Ao mesmo tempo é impossível não se emocionar com a beleza do branco cobrindo ruas, praças, parques. Sinto dizer aos moradores dos trópicos que o natal é muito mais lindo com neve. Dá até pra imaginar o père Noël vestido de vermelho trazendo os presentes num trenó puxado por renas. E acabamos achando meio ridículo a mesma cena num calor de 35ºC.


Sim, sim, o inverno é lindo.........e ao mesmo tempo muito cruel. Depois de meses com pouca luminosidade e muito frio, é inevitável uma certa melancolia. Eu digo que sobrevive ao inverno não quem tem o melhor casaco (isso ajuda, claro!), mas quem tem amigos. É por eles que saímos do nosso lar quentinho, pra enfrentar 40 cm de neve e um frio do capeta. Sem amigos, o inverno seria insuportável. São eles que nos levam pra patinar, fazer sky du fond, e mesmo a nossa performance sendo lamentável nas primeira tentativas, eles não desistem de nos ensinar a "aproveitar" o inverno. Além disso, é com eles que dividimos as agruras do frio lá de fora e juntos passamos o tempo até a primavera chegar.

Agora a neve começa a degelar, as árvores ganham os primeiros brotinhos, o dia se torna mais longo e o sol começa a esquentar. Bem-vinda primavera!