sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Fazer o bem, que mal tem?

Tenho pena das moedas de um centavo. São moedas que ninguém gosta de dar, nem de receber. Junto com as moedas de 5 e de 10 centavos, elas foram se acumulando num potinho aqui de casa. Resolvi dar um pouco de alegria para as moedinhas renegadas e levei-as hoje para passear.

Fui almoçar no restaurante comunitário Resto Plateau aqui perto de casa, que serve um PF bem gostoso e com um precinho amigo: apenas 3 dólares a refeição completa. Eis que chego no restaurante, despejo o porta moedas em cima da mesa antes de me servir e lá começo: 1, 2, 3, 4......pelo menos 30 centavos foram só em moedinhas de 1. E continuo: 5, 6, 7.....

Quando estava quase chegando nos três dólares, um rapaz se aproximou de mim e perguntou: "Madame, está faltando alguma moeda? Eu posso te ajudar a pagar o seu almoço!". Fiquei um pouco aturdida, me perdi nas contas, agradeci e disse que tinha o suficiente. Terminei a frase com o tradicional : "Vous êtes gentil!". E lá vou eu recomeçar a contagem: 1, 2, 3........e novamente, quando estava quase acabando de contar, um outro senhor se aproximou e fez a mesma pergunta. Daí fiquei pensando:

-Opção 1: eu tenho cara de pobre

-Opção 2: as pessoas daqui são realmente gentis

Prefiro acreditar na segunda opção. Nesses 6 meses tenho percebido a existência de um senso de bem estar coletivo muito forte. Todo mundo é bénévole e existem centenas de organizações de ajuda social.

Um senhor que se sentou ao meu lado no restaurante no dia anterior, por exemplo, era um funcionário aposentado das Nações Unidas que trabalhou por muito tempo na África, e disse que ocupava o tempo dele com trabalho voluntário: "Assim me mantenho ocupado, me sinto útil, não fico doente e não fico sozinho". Quase chorei...

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